ZURIQUE (Reuters) – Trinta países liderados pela Costa Rica e a Organização Mundial da Saúde (OMS), com a participação do Brasil, lançaram uma iniciativa nesta sexta-feira que visa o compartilhamento de vacinas, remédios e ferramentas de diagnóstico para enfrentar a pandemia de coronavírus.
Embora o gesto das nações em desenvolvimento, batizado de Grupo de Acesso Tecnológico da Covid-19, tenha sido elogiado por entidades como os Médicos Sem Fronteiras, uma aliança da indústria farmacêutica questionou se o projeto realmente fortalecerá a colaboração ou ampliará o acesso a medicamentos contra a Covid-19.
O esforço da OMS chega em meio a receios de que países ricos injetando recursos para a criação de uma vacina –mais de 100 estão em desenvolvimento– passarão para a frente da fila assim que uma candidata tiver sucesso.
Os países signatários serão Argentina, Bangladesh, Barbados, Belize, Brasil, Chile, República Dominicana, Equador, Egito, Indonésia, Líbano, Luxemburgo, Malásia, Ilhas Maldivas, México, Moçambique, Noruega, Omã, Paquistão, Palau, Panamá, Peru, Portugal, São Vicente e Granadinas, África do Sul, Sudão, Holanda, Timor Leste e Uruguai, disse a OMS.
“Vacinas, exames, diagnósticos, tratamentos e outras ferramentas essenciais na reação ao coronavírus precisam ser disponibilizados universalmente como bens públicos globais”, disse o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, sobre a iniciativa voluntária.
A empreitada, proposta originalmente em março, almeja criar um ponto de referência para o conhecimento científico, dados e propriedade intelectual durante uma pandemia que já infectou mais de 5,8 milhões de pessoas e matou cerca de 360 mil.
A OMS emitiu um “Clamor de Ação Solidária”, pedindo que outras entidades se unam ao esforço.
Mas a Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticos expressou o receio de que este minará as proteções de propriedade intelectual, que o grupo industrial disse que possibilitam a colaboração e serão necessárias após o fim da pandemia para preparar os sistemas de saúde para novos desafios.
“Ao pedir que licenças ou declarações de descumprimento para tratamentos e vacinas para Covid-19 sejam concedidas em uma base global não-exclusiva, o ‘Clamor de Ação Solidária’ promove um modelo tamanho único que não leva em conta as circunstâncias específicas de cada situação, cada produto e cada país”, disse federação.
A Suíça, sede das grandes farmacêuticas Roche e Novartis, também criou o temor de um “nacionalismo da vacina” ao dizer que quer garantir um acesso justo.
Fonte: Extra.