Rota vírus: agente viral é um dos principais causadores de diarreia grave em menores de 5 anos

Uma pesquisa coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que, mesmo com a disponibilidade de vacinas, o rotavírus ainda é responsável pela maior parte dos casos de diarreia grave em crianças menores de cinco anos, principalmente nos países em desenvolvimento.

A transmissão se dá por via fecal-oral, por meio do contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e propagação aérea por aerossóis. Além disso, o rotavírus pode ser encontrado em altas concentrações nas fezes de crianças infectadas.

Segundo o estudo, de 20,4 mil casos em que a desidratação estava presente e a gravidade foi estimada, 6,6 mil (32,6%) apresentavam desidratação grave. A maioria dos casos foi acompanhada de vômitos e desidratação, e quase todos os pacientes receberam alguma forma da terapia de reidratação no hospital.

Importância da vacinação

A rotavirose provoca mais de 200 mil mortes por ano no mundo e os resultados da pesquisa, segundo a Fiocruz, reforçam a importância da imunização, visto que o rotavírus é responsável por 33% das internações.

No Brasil, em 2022, foram aplicadas, segundo dados preliminares do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, 3,9 milhões de doses da vacina contra o rotavírus, representando 73% de cobertura vacinal. Reitera-se que a meta de vacinação para esta vacina é de 90%. A população-alvo são as crianças menores de um ano.

“O esquema de vacinação contra o rotavírus humano (VORH) é de duas doses, administrado, exclusivamente, via oral, sendo recomendada para crianças aos 2 e 4 meses de idade, sendo que a primeira dose pode ser administrada a partir de 1 mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias e a segunda dose pode ser administrada a partir de 3 meses e 15 dias até 7 meses e 29 dias”, explica a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

Pessoas de todas as idades são suscetíveis à infecção por rotavírus, no entanto, a gastroenterite aguda (inflamação do estômago e dos intestinos) ocorre com maior frequência em crianças menores de cinco anos. Em relação aos recém-nascidos, normalmente as infecções por rotavírus caracterizam-se por serem mais leves ou assintomáticas, provavelmente devido à amamentação e aos anticorpos maternos transferidos pela mãe.

Além da vacinação, o Ministério da Saúde recomenda outros meios de prevenção da rotavirose:

  • Lavar sempre as mãos, com água limpa e sabão, antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais;
  • Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
  • Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados);
  • Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
  • Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
  • Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado;
  • Usar sempre o vaso sanitário, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água; e
  • Manter o aleitamento materno – pois aumenta a resistência das crianças contra as diarreias – evitando o desmame precoce.

A gastroenterite causada por rotavírus é autolimitada, com tendência a evoluir espontaneamente para a cura, especialmente em pessoas com o sistema imunológico saudável. Nesse contexto, o tratamento consiste na prevenção e na correção da desidratação e do desequilíbrio eletrolítico, além do tratamento de outros sinais e sintomas, como náuseas, vômitos e febre. Deve-se manter a dieta alimentar normal e não se recomenda o uso de antimicrobianos nem de antidiarreicos.

O diagnóstico de rotavírus nos serviços públicos de saúde ocorre a partir da coleta da amostra de fezes (in natura), em torno de 5 a 10 ml, sem conservantes.

Fonte: Ministério da Saúde

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