OMinistério da Saúde, em parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates, por meio de uma chamada pública vinculada ao Programa Grand Challenges Brasil, selecionou nove projetos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) relacionados ao uso de inteligência artificial (IA) para o enfrentamento de desafios de saúde no Brasil. O valor total do investimento nesta ação é de R$ 3,4 milhões. O recurso será disponibilizado gradualmente aos pesquisadores durante a duração das pesquisas. A chamada pública foi operacionalizada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Na próxima quarta-feira (28) ocorrerá o seminário Marco Zero da Chamada Grand Challenges de Inteligência Artificial, promovendo o primeiro contato entre os pesquisadores selecionados na chamada e gestores do Ministério da Saúde, visando o alinhamento inicial das propostas selecionadas em relação às expectativas e as necessidades das áreas técnicas da pasta envolvidas com as temáticas.
O seminário Marco Zero é um espaço produtivo de diálogo entre pesquisadores e gestores para alinhamento sobre a demanda específica que definiu as linhas de pesquisa da chamada pública, auxiliando na tomada de decisão a respeito das ações e políticas públicas. Durante o encontro serão apresentados os projetos, a aplicabilidade das pesquisas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e orientação na elaboração do plano de tradução e disseminação do conhecimento.
Após os seminários, o monitoramento segue em diversas fases da pesquisa por meio de “seminários parciais”. Ao fim da execução das pesquisas, os resultados serão apresentados em um “seminário final” aos gestores do Ministério da Saúde para que políticas públicas sejam aprimoradas e proporcionem para a sociedade o acesso à novas tecnologias em saúde.
Entre as propostas, estão o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de Modelos de Linguagem Ampla(LLMs), implementação de chatbots para vigilância pós-alta hospitalar, desenvolvimento de LLMs para interação com agentes comunitários na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e o desenvolvimento de um sistema inteligente para a prescrição de medicamentos de forma segura e acessível.
Confira os projetos contemplados:
Título do projeto | Objetivo do projeto | Valor investido (R$) | Instituição/UF |
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Desenvolvimento e avaliação de um sistema inteligente de geração de orientações para a prescrição de medicamentos segura, acessível e adaptada a distintos contextos culturais | Treinar modelos de linguagem, baseados em inteligência artificial (IA), para a geração de textos em linguagem natural com orientações destinadas a complementar prescrições médicas, que atendam às especificidades dos cidadão | R$ 500 mil | UFMG |
Centro de inteligência artificial para vigilância e auxílio na decisão de casos complexos de violência interpessoal em populações vulneráveis | Implementar um centro de IA e validar um protótipo de LLM (Large Language Model) para auxílio de profissionais de saúde na vigilância e decisões clínicas em casos complexos de violência contra populações vulneráveis | R$ 252,5 mil | Universidade Federal de São Paulo |
EXTRACT – Extraindo Aplicações e Recomendações de Pesquisas em Saúde Usando Inteligência Artificial | Utilizar os LLMs (Large Language Models) para extrair, de artigos científicos, todas as suas principais informações relevantes para o sistema de saúde e o público-alvo que pode utilizar essas informações | R$ 500 mil | Unesp |
Arquitetura de rede neural transformer no treinamento de um Modelo de Linguagem de Grande Porte (LLM) para o acesso a informações sobre o uso de medicamentos | Utilizar uma arquitetura de rede neural transformer para fornecer informações precisas sobre o uso de medicamentos, utilizando as bulas brasileiras | R$ 56,3 mil | UNICAMP |
Desenvolvimento de um Modelo de Linguagem Ampla para interação com agentes comunitários de saúde na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis nos primeiros mil dias de vida no Sistema Único de Saúde | Desenvolver um Modelo de Linguagem Ampla (LLM) para interagir com agentes comunitários de saúde (ACS) na identificação de risco e ações preventivas para doenças crônicas nos primeiros mil dias | R$ 500 mil | UFMA |
Ecos da Rota: potencializando sistemas de alerta precoce de eventos com inteligência artificial e líderes comunitários na rota bioceânica | Validar uma metodologia para detecção de surtos envolvendo IA em SAP atrelados ao engajamento de lideranças comunitárias pode ser aplicado em países com baixa e média renda (PBMRs) | R$ 500 mil | Fiocruz – MS |
Fortalecendo o SUS com LLMs: interoperabilidade e equidade em notas clínicas para a saúde pública brasileira | Criar um conjunto de dados de referência para a avaliação e desenvolvimento de soluções de processamento de linguagem natural, que reflita os desafios da atenção primária no Brasil com atenção especial à diversidade de seus pacientes | R$ 186 mil | Hospital Israelita Albert Einstein |
Investigando o potencial de inteligência artificial para facilitar acesso à informação culturalmente adaptada sobre a tuberculose em línguas de recursos limitados no Brasil e no Moçambique | Avaliar informação no ChatGPT sobre tuberculose. Desenvolver um modelo de tradução de português/guarani-kaiowá e português/echuwabo. Implementar uma ferramenta de informação para agentes comunitários de saúde em comunidades Guarani-Kaiowá/Brasil e Nicuadala/Moçambique | R$ 436,334 mil | ENPS/Fiocruz |
Implantação de Chatbot baseado em LLM para vigilância pós-alta hospitalar de pacientes com feridas cirúrgicas no SUS: aplicação piloto no Hospital das Clínicas de Pernambuco (HC-UFPE) | Prevenir infecções de sítio cirúrgico com uso de chatbot inteligente, ampliando o acesso a cuidados de saúde remotos, aprimorando a vigilância pós-alta de pacientes e a segurança no cuidado pós-operatório | R$ 500 mil | Universidade Federal de Pernambuco |
Soluções inovadoras
Sendo parte da estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS), as tecnologias emergentes, tais como a IA, o aprendizado de máquina e a computação quântica, estão transformando e agilizando a prestação de cuidados de saúde em todo o mundo, possibilitando consultas remotas e capacitando os indivíduos a monitorarem sua saúde.
“A inteligência artificial tem o poder de revolucionar a saúde pública de precisão, especialmente em países como o Brasil. Este edital reforça nosso compromisso em impulsionar o desenvolvimento local de soluções inovadoras que atendam diretamente às necessidades do SUS. Ao promover a pesquisa e co-desenvolvimento de tecnologias habilitadas por IA, buscamos fortalecer nossa capacidade de enfrentar desafios de saúde específicos e melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro”, afirma a diretora de Ciência e Tecnologia (Decit) da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Sectics), Mônica Soares.
Sobre o Grand Challenges
A rede Grand Challenges (GC) reúne parceiros globais para promover a inovação na solução de problemas-chave de saúde e desenvolvimento global. Esta oportunidade de financiamento, focada em catalisar o uso equitativo da IA para melhorar a saúde global, surgiu de uma parceria produtiva entre parceiros da rede GC baseados em países como África, Sudeste Asiático e das Américas.
O Grand Challenges é um programa da Fundação Bill e Melinda Gates em países em desenvolvimento, que abrange as principais áreas inovadoras como suporte à decisão clínica, fortalecimento dos sistemas de saúde, comunicações de saúde e jornadas dos pacientes, suporte aos trabalhadores da linha de frente, saúde pública e formulação de políticas, ensaios clínicos, diagnósticos e saúde populacional.
A Fundação Bill & Melinda Gates reforça que esta é a primeira de muitas chamadas de financiamento em IA pelos parceiros da rede GC, que estão preparados para transformar positivamente a prestação de cuidados de saúde e melhorar a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
Fonte: Ministério da Saúde